O que é a vulvodínia e como tratar?
A vulvodínia é uma síndrome de dor crônica na área vulvar em ausência de um processo infeccioso, dermatológico, metabólico, auto-imunitário ou neoplásico. Desde um ponto de vista mais amplo, a vulvodínia pode agrupar-se com as síndromes não-malignas crônicas de origem urogenital que acontecem tanto em homens como em mulheres.
Geralmente, as mulheres que sofrem de vulvodínia se queixam de uma sensação de calor, ardor e coceira, e/ou uma sensação de inflamação na área vulvar. A dor pode estar localizada em uma área muito específica do períneo (e, geralmente, as pacientes podem identificar de forma exata os
“pontos” de dor), tais como o vestíbulo vulvar, os lábios ou o clitóris, ou pode afetar a totalidade da área perineal.
Estes dois subtipos de vulvodínia foram denominados vulvodínia “localizada” e vulvodínia “generalizada”. A vestibulite vulvar, um dos subtipos de vulvodínia, se refere à dor localizada no vestíbulo vulvar, a área que rodeia a abertura vaginal. No geral, as mulheres com vestibulite vulvar experimentam dor quando se aplica pressão sobre o vestíbulo vulvar durante as relações sexuais, a colocação de tampões ou os exames ginecológicos.
Do ponto de vista clínico, foram descritos dois grupos diferentes de pacientes com vestibulite vulvar: a vestibulite vulvar primária é a dispareunia proveniente do primeiro intento de manter relações sexuais, enquanto que na vestibulite vulvar secundária, a dispareunia aparece depois de um período de manter relações sexuais sem dor. Nas
mulheres com vulvodínia generalizada, a dor perineal se exacerba por permanecerem sentadas durante períodos longos, e por realizar atividades tais como andar de bicicleta e montar a cavalo.
A vulvodínia afeta mulheres de todos os grupos etários. A incidência da aparição dos sintomas alcança seu ponto máximo entre 18 e 25 anos e seu ponto mínimo depois dos 35 anos.
A etiologia da vulvodínia é multifatorial. Existem evidências experimentais provenientes de vários estudos psicofísicos que indicam que a sensibilidade à dor ante estímulos mecânicos e térmicos na área vulvar se encontra alterada nas mulheres com vulvodínia. Além da sensibilidade periférica
demonstrada na área vulvar, existem evidências de sensibilidade central. Considerou-se uma etiologia neuromuscular, que provoca opressão (espasmos) do solo pélvico. Se demonstrou que em um subgrupo de mulheres a vulvodínia está associada com antecedentes de abuso físico e sexual.
Para diagnosticar a vulvodínia se utiliza o método de exclusão. O diagnóstico diferencial é amplo e pode incluir: candidose vulvar, infecções herpéticas, líquen piano, enfermidade de Paget, carcinoma
espinocelular, neuralgia pós-herpética ou compressão do nervo espinhal. Portanto, é necessário realizar uma avaliação ginecológica exaustiva, e em alguns casos específicos, também é necessário realizar avaliações neurológicas e dermatológicas. A fisioterapia também pode ajudar no diagnóstico através de teste físico nos pontos específicos de possíveis dores ou incômodos na região vulvar.
Estudos de pesquisas atuais indicam que a vulvodínia é um transtorno heterogêneo, multiorgânico e multifatorial. Portanto, se recomenda um enfoque de tratamento multidimensional e multidisciplinar.
Atualmente, não existe nenhuma cura para a vulvodínia, ainda que algumas pacientes experimentem uma remissão espontânea.
O primeiro passo importante é reconhecer que a paciente tem vulvodínia. Muitas mulheres com dor vulvar crônica não foram diagnosticadas nem tratadas, dado que os profissionais da saúde não conhecem amplamente a apresentação clínica e os enfoques de tratamento.
Um estudo recente realizado nos Estados Unidos demonstrou que 60% das mulheres consultam, pelo menos, três médicos para receber um diagnóstico médico. Assombrosamente, 40% das mulheres que buscam ajuda profissional continuam sem receber um diagnóstico depois de três consultas médicas.
Como primeira medida para o tratamento da vulvodínia, é importante identificar e eliminar os fatores irritantes locais e os possíveis alérgenos. Nas pacientes com vulvodínia localizada, nas quais existe uma pequena área de dor, é possível que os regimes de tratamento tópico reduzam a dor.
Considerou-se o uso de medicamentos orais recomendados para o tratamento do manejo da dor neuropática. Os procedimentos cirúrgicos foram conduzidos para extirpar a área hiperalgésica da pele em pacientes com vulvodínia localizada. Informou-se que a biorretroalimentação vaginal e a terapia de comportamento cognitivo reduzem a dor. Igualmente com muitas outras condições de dor de origem multifatorial, em geral, não existe um único enfoque de tratamento que reduza sistematicamente a dor em mulheres com vulvodínia, senão que existe uma combinação de
tratamentos incluindo médico, psicólogo e fisioterapia pélvica.
DICAS PARA ALIVIAR SINTOMAS DE VULVODÍNIA:
1- Usar calcinha 100% algodão e de cor clara,
2 – dormir sem calcinha,
3- usar sabonete hipoalergênico com PH próximo ao vaginal ou apenas lavar a vulva com água,
4- evitar roupas apertadas na área genital,
5- evitar usar protetor de calcinha,
6 – usar água gelada ou chá de camomila em forma de compressa ou banho
de assento,
7 – fazer uma avaliação com a nutricionista para ver qual alimento pode estar piorando a sua ardência,
8- ingerir 2 litros de água por dia,
9-aumentar o tempo das preliminares e evitar a penetração vaginal enquanto estiver com sintomas de ardência,
10- usar lubrificante íntimo em todas as relações sexuais,
11- evite substâncias perfumadas na área da vulva,
12- use preservativos hipoalergênicos,
13- prefira absorventes íntimos ou coletores. Os absorventes sempre devem ser de algodão,
14- evite ficar muito tempo de bíquini ou roupas de ginástica suadas,
15- não use amaciantes nas roupas íntimas e lave-as com sabão de
coco,
16- Lavar a vulva com água fria após a micção e nas relações sexuais,
17- Evite exercícios que exerçam pressão direta sobre a vulva (bicicleta ou cavalgada), mas caso você goste muito de andar de bicicleta, adote um banco com um vão no centro que evita a pressão vulvar.
Giselli Oliveira
Fisioterapeuta Pélvica