Atraso no desenvolvimento da fala

publicado por Michelle Portela - Fonoaudióloga - 06/02/18

Atraso de linguagem é um dos problemas mais comuns em pré-escolares e já pode ser detectado a partir dos 2 anos de idade. Entretanto, mesmo um sutil atraso merece atenção. Metade das crianças com atraso de fala dos 24 aos 30 meses pode vir a apresentar inabilidades mais severas com 3 e 4 anos.

O atraso de linguagem pode ser detectado através da avaliação do número de palavras que a criança fala e que a criança compreende. A extensão do vocabulário é, inclusive, uma importante medida da habilidade intelectual.
No desenvolvimento normal de linguagem, uma criança com 2 anos de idade fala espontaneamente pelo menos 50 palavras. Além disso, nessa fase, já há combinações de 2 a 3 palavras na fala. Se sua criança estiver muito anterior à isso, pode ser um sinal de um atraso ou distúrbio de linguagem.

Vários são os fatores que podem interferir no bom desenvolvimento da fala da criança, por exemplo:

• integridade auditiva – a audição é essencial para a comunicação da criança, e uma perda auditiva, mesmo que seja leve, pode alterar a compreensão e consequentemente a fala da criança;
• falta de estímulos adequados – a criança pode e deve ser estimulada o tempo todo. Saber conversar com uma criança, apresentar o mundo a ela, nomear os objetos, os brinquedos, cantar, ler histórias, brincar no parque, brincar de faz-de-conta, são formas de estimulação. Estimular bem, não é falar muito, é necessário a qualidade dessa estimulação. O uso de eletrônicos pode ser confundido como método de estimulação, o excesso do uso destes pode levar a criança a não utilizar a linguagem oral e não explorar o universo à sua volta.
• alteração no nível cognitivo – dificuldades de aprendizagem, em prestar atenção, em concentração, na compreensão, em dar funcionalidade correta aos objetos, na condição física, por exemplo, sentar, engatinhar, andar, podem estar associadas à uma alteração na fala, ou ser indício que a linguagem oral poderá se desenvolver de forma incorreta;
• alterações na musculatura facial – crianças que respiram mal, que tem adenóides aumentadas, por exemplo, podem respirar muito tempo pela boca e isso prejudicar toda a musculatura dos órgãos fonoarticulatórios e isso afetar o desenvolvimento da fala. Além daquelas crianças que apresentam uso prolongado de chupeta ou apresentam alguma dificuldade mastigatória, condições que também interferem na boa estrutura da musculatura oral;
• síndromes e doenças neurológicas – podem ter como um dos sintomas a alteração na fala, pode-se citar Autismo, Síndrome de Down, Paralisia Cerebral, Epilepsia, que são os quadros mais comuns.

Se a criança apresentar alguma alteração das que foram citadas, deve-se investigar, e não relacionar à “preguiça”. Ela pode, sim, estar passando por um momento típico do desenvolvimento, mas também pode não ser isso. Na dúvida, não espere! Procure um fonoaudiólogo! Talvez o que o seu filho tenha seja um atraso no desenvolvimento da linguagem. E, se for isso, tem tratamento!

O Fonoaudiólogo é o profissional capacitado a avaliar as habilidades e inabilidades linguísticas da criança, orientando a família a como melhor estimular a linguagem. No caso de alterações, esse profissional realizará a terapia fonoaudiológica. Quando houver uma investigação diagnóstica multidisciplinar, ele também poderá sugerir os encaminhamentos para otorrinolaringologista, neurologista, ou outros profissionais que ele avaliar necessários.
Assim, se você tiver dúvidas ou achar que o seu filho ainda não se comunica como as demais crianças da idade dele, procure um Fonoaudiólogo

Michelle de Almeida Portela
Fonoaudióloga – CRFa MG 4268
Especialização em Linguagem
Formação em Eletrofonoterapia
Capacitação em uso de bandagem terapêutica